domingo, 17 de fevereiro de 2008

Planeamento e esboços

Não sou uma escritora orgânica. Não consigo sentar-me e começar a escrever e produzir um romance assim. Já experimentei um par de vezes, geralmente por alturas do NaNoWriMo. Simplesmente não funciona. Consigo escrever umas 5000 a 10000 palavras e depois não sei por onde ir. Preciso de estruturas para fazer com que a minha escrita funcione; preciso de um planeamento da história, preciso de um horário, de outro modo, o processo de escrita arasta-se e arrasta-se e eu acabo por perder o interesse.

Tento não planear demais. Habitualmente, os meus planos são mais como um contar da história no Presente, uma espécie de esboço zero. Tendo a usar o planeamento em fases que aprendi a fazer com o livro de Lazette Gifford Nano For The New And The Insane, ligeiramente modificado de acordo com o projecto.

E, a maior parte das vezes, funciona bem; dá-me o fio condutor de que preciso, sem castrar a minha criatividade. Para além disso, este método permite-me planear melhor o meu trabalho. Se quero acabar o primeiro esboço do romance até uma certa data, basta-me calcular quantas fases tenho de fazer por dia.

Os planos de história têm outra vantagem: para mim, é muito mais fácil reposicionar eventos e detectar cenas em falta enquanto a história ainda está em esquema do que depois do primeiro esboço escrito.

No entanto, por vezes, estou tão entusiasmada com uma história que começo a escrever antes da planificação estar completa. Foi o que fiz com o Mountains to Climb. Tinha uma planificação muito básica. A história começou por ser um guião. Quando decidi transformá-la num romance, precisei de expandir a planificação, mas pensei que podia começar a trabalhar de imediato no primeiro esboço. Foi um erro.

A escrita estava a tornar-se cada vez mais difícil. Tenho-me tentado convencer que é só insegurança: se não está acabado, não pode ser uma porcaria, certo? Ontem, porém, fui forçada a confrontar o facto que o problema podia ser outro.

Estava a tentar fazer uma sinopse para pôr no site. E fiz uma, mas é fraca, inadequada e pouco apelativa. E o que me andava a incomodar pelos cantos escusos do meu cérebro tornou-se óbvio: há problemas com a história como está planeada; há parte que são bastante boas, mas o todo do livro não funciona e alguns pontos são uma treta consumada. E se eu, a escritora, os acho uma treta, que dizer dos leitores?

Tinha planeado acabar o primeiro esboço do MTC um pouco antes do fim de Março e depois começar a trabalhar em The Starlight Ring, de modo a que este estivesse concluído em finais de Abril, princípios de Maio. Obviamente, essa já não é a melhor opção. Como tal, tive de reavaliar os meus planos.

A conclusão a que cheguei foi que devia deixar o MTC em paz por agora e começar imediatamente a trabalhar no TSR. Pelos meus cálculos, devo tê-lo acabado em meados de Março. Por essa altura, já deve ter passado tempo suficiente para que eu possa ter uma perspectiva diferente em relação ao MTC e ser capaz de detectar o que está mal e como consertar o problema.

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